Carnaval em S. Pedro de Paus

[Tretas]

Ola Magueijenses!

Eis o que se passou na minha terra, no Entrudo!

Não teve a presença de vedetas brasileiras nem artistas de telenovelas. Não teve apoios institucionais nem patrocínios. Não organizou um programa de ensaios, para que nada falhasse.
Ligado ao rancho de Paus, foi constituído um grupo de voluntários, angariador de fundos, que esteve no "terreno" desde os inícios de Janeiro. Foram bem recebidos, conseguindo verbas para contratar um animador musical e para oferecer um lanche à população. De resto, os verdadeiros artistas foram os participantes e os fautores das quadras dos testamentos do compadre e da comadre. Pela sua genuinidade, espera-se que esta iniciativa cresça para contrabalançar com as "mesclas plastificadas" e sem raízes nas tradições do concelho.
Ainda tenho bem presente um Carnaval da minha infância em Paus, em que uma comadre percorreu a freguesia num carro de vacas, invectivando, descobrindo carecas ou dirigindo verrinosas críticas a quem se foi pondo a jeito. "Cus novos" eram frequentes e até obrigatórios. Bailes abundavam por Fazamões e Córdova.
O tempo, no Domingo, estava frio, mas a animação foi muita. Às 14h15, um grupo começou a percorrer algumas aldeias da freguesia numa camioneta de caixa aberta, a recordar e a animar a malta, "puxando-os"para a trupe. Por volta das 15h00, iniciava-se o cortejo, a partir dos Carvalhos rumo à sede do rancho, cada qual primando com o melhor traje, adereços e máscaras. A primeira a comparecer veio do Hospital, desempenhando o papel de uma jovem mãe, com um bebé postado num carrinho e já "prenhe" de outro (o Abílio é sempre um grande folgazão!). Mas a grande vedeta, vestida a preceito e muito luxuriosa, foi a noiva. Não faltaram pretendentes ao Rogério...

Às 15h30, deu-se início ao convívio, com o animador e artista convidado, Helder Mariano. O número de participantes superou as 250 pessoas, tendo comparecido gente das freguesias vizinhas (Felgueiras, S. João de Fontoura e S. Martinho de Mouros).
 

[Trevo]

Em S. Pedro de Paus, a tão falada CRISE, não tira o bom humor, como se pode ver pelas fotos do amigo Tretas!
Temos que dar a volta. Como era corrente dizer-se em Magueija: "tristezas não pagam dívidas".

[117]

E dívidas ... quem as não tem?
No século passado, ter 20$00 na carteira era um desafogo; toda a gente devia alguma coisa a alguém, quanto mais não fosse metade de uma broa, uma caneca de açúcar ou meia-dúzia de lumes; lembramo-nos de uma caixa de fósforos custar 3 tostões ...
Num dia de feira, uns taberneiros foram servir petiscos e almoços para a barraca que exploravam no recinto do Cabeço; a filha mais velha, com a 4ª classe acabada de fazer, ficou encarregada de atender os clientes da taberna e de registar todo e qualquer troco que entrasse na caixa.
Ao final da tarde, os pais regressaram e contaram o dinheirinho: afinal batia certinho com a contabilidade da pequena; saldo global: 42$00.
A vida custa a todos, mas antigamente éramos bem mais pobres e continuávamos a cantar a "rebaldeira":

                                           Rebaldeira, rebaldeira,
                                           rebaldeira, rebaldeirinha ...
                                           se eu soubesse p'ró que era,
                                           rais me parta se eu cá vinha !

[Malmequer]

 
   Mas que memória 117
     
   Estava preocupado com a caixa da menina, ou com a menina da Caixa?
 
   42$00, para a época, era um dinheirão, já dava para as bolas e biscoito da "boda" !

[117]

Ao amigo Tretas peço licença para esta réplica ao Malmequer:

A minha preocupação era dupla: a pequena fortuna amealhada e o desempenho da minha correligionária, com quem brincava amiúde na eira ...
Sentia-me bem nas ingénuas diversões que ela comandava; ser filha de um taberneiro dava estatuto, ou não?
Quanto ao negócio ... era muito feito na base dos "fiados" e, na verdade, ela apontava tão explicadinho na caderneta ...